
Com tartaruga marinha, pescadores querem oferendas mais sustentáveis (Foto: Joilson César / Ag Haack)
O presente especial dos pescadores da colônia do Rio Vermelho para a Iemanjá neste 2 de fevereiro é uma tartaruga da espécie cabeçuda, em tamanho real. Feita de resina, segundo a organização, a escultura simboliza a preservação do meio-ambiente e da própria espécie.
De acordo com “Branco”, como é conhecido um dos pescadores, a tradição de levar imagem da “rainha do mar” como o presente principal da festa foi ponderada considerando questões ambientais. A tartaruga marinha, de material biodegradável, foi escolhida como substituta e foi criada pelo artista Rui Santana.

Festa de Iemanjá 2014 em Salvador (Foto: Max Haack/Ag Haack)
A enseada do bairro tradicional de Salvador está, desde a madrugada, ocupada por rodas de dança, grupos de candomblé, devotos com oferendas, fotógrafos e muitos turistas.

Argentinas curtem festa e lembram de Jorge Amado(Foto: Joilson César / Ag Haack)
Três deles são as argentinas Valéria Molinari, 35 anos, Catalina Figueroa, 23 e Lúcia Reano, 24, moradoras de Córdoba. O trio está há um mês na cidade pesquisando a história da Bahia, da cultura afrobrasileira e a dança dos orixás. O trio presenteou Iemanjá com perfume e flores.
“Quando eu falo com os pescadores, sinto conexão total com Jorge Amado”, disse Lúcia Reano sobre o livro “Mar Morto”. “Lá [Argentina] não temos essa tradição de adorar o mar, mas temos Pachamama”, fala Valéria sobre a principal divindade andina, que simboliza a terra.
Elas estão próximas de pessoas do “axé”, aquelas que acreditam na força sobrenatural do candomblé, e que se agrupam nas calçadas ofertando banho de folhas, tradição do festejo. “Dou o banho rezando para pessoas ter prosperidade e saúde”, diz Claudia Pereira, 27 anos.

Balaios com flores típicas brancas e amarelas(Foto: Joilson César / Ag Haack)
Quase meio-dia, a fila para entrega dos presentes atravessada a principal rua na orla. É por volta deste horário que são iniciadas as tradicionais feijoadas em restaurantes, apartamentos e hotéis do bairro boêmio.
Os festejos são mantidos até a noite, na etapa tida como “profana”. O dia de festa começou por volta das 4h30 com alvorada de fogos. A organização do festejo estima que 700 mil pessoas passem pelo local neste domingo.
Uma das mais populares festas de celebração pública do candomblé, o dia de Iemanjá ocorre desde 1923, quando diminuiu a oferta de peixes da Vila dos Pescadores do Rio Vermelho. A tradição conta que eles pediram ajuda à orixá e ofertaram presentes para ela. A oferta foi feita no meio do mar e, desde então, a festa é realizada todos os anos.