Coluna. LIBERTA

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Por: Luzitânia Silva

Ela se levantou, se reergueu, desnudou o corpo e desanuviou a mente. Precisava daquele momento íntimo. Carecia daquela metamorfose, necessitava partir dali, de onde sempre se encontrou, daquele estado de inércia que a aprisionava há anos.

Ninguém a entendia e nem precisava entendê-la. Ela descobriu isso recentemente. Ela começaria a desbravar o mundo e se conhecer de fato, de modo inimaginável até então.

A possibilidade de desvendar a si mesma nunca havia sido tão gostosa e desafiadora. Mais que qualquer coisa, a vida passou a excitá-la. A vida passou a fazer sentido porque ela começou a se enxergar além daquele mundinho fétido, sujo e pequeno em que vivia.

Ela sentia… Ela sentia o vento bagunçar seus cabelos longos e pretos. Ela se via abrindo os braços para a liberdade e notava o corpo até mais leve… Ela… Ela cansou de chorar. Cansou e não queria mais. Não se submeteria novamente aquela situação enfraquecedora e que sempre a deixava de mãos e pés atados.

Ela sabia… Ela tinha certeza… A vida sorria pra ela. Muros estavam sendo destruídos, ovos quebrados, vidros estilhaçados e o sangue, o sangue que escorria dos seus pés frágeis ao pisar naquilo tudo a tornava mais resistente. O sorriso… O sorriso tímido em seus lábios, um misto de medo e imediatismo, saía como o sol por entre as nuvens após a tempestade.

Ela se desnudou da culpa, deixou o passado no passado e caminha sem esconder-se dos olhares julgadores das pessoas. Decerto a algema tenta prendê-la de alguma forma ainda, entretanto ela está acordada e munida… Munida de amor próprio.

Munida de amor pela vida! Ela conseguiu e mereceu se libertar.

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