(À Profª Ana Carolina Cruz de Souza – UNEB)
Minhas rimas são pobres,
meus versos exalam cheiro de repulsa
minhas estrofes são um amontoado de revoltas.
Reviro cada partícula, escavo cada centímetro,
busco uma gota de simetria.
Palmilho no caminho da incerteza,
busco sobrevivência ao acaso
meu grito ecoou, minhas mãos fragilizaram-se
pareço estar abaixo do limbo,
vermes espertos querem engolir-me.
Meu céu está nebuloso, tosco, sem estrutura
agarro-me ao invisível, falo o indizível.
Sou poeta do silêncio!
Ninguém me vê, ninguém me ouve!
Como escreveu Clarice Lispector:
“Um feto jogado na lata do lixo embrulhado em um jornal”.
Sinto-me reciclada a cada quatro anos
recebo até um abraço fingido,
minhas lágrimas trazem ao palato
o sabor insulso dessa partícula atômica indissolúvel.
Ah! Sociedade artificial!
Experimento o mimetismo,
minha razão recusa essa covardia.
Meus sonhos parecem estar afunilando
vejo armas perversas e egoístas
sendo apontadas em direção a minha cabeça
Atiro – me de joelhos, peço perdão pela minha franqueza
desejo saltar com os olhos vedados na imensidão
modo suicida de não enfrentar o amanhã,
não sei que futuro me espera.
Talvez a minha atitude pareça covarde
medo me domina, castra os meus ideais,
deixa-me completamente inerte
muitos querem me ver assim… desejo da nata…
meus versos protestam, dizem NÃO!
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