Da água para o vinho. Do inferno ao céu. Da lanterna para a liderança. São grandes as diferenças entre as circunstâncias do último jogo do Vitória contra o Sampaio Corrêa, na primeira rodada da Série B, e o reencontro deste sábado, 22, às 16h30, em São Luís, pela abertura do returno.
Em 9 de maio deste ano, o Rubro-Negro estreou com derrota de 2 a 0 para o Sampaio Corrêa, no Barradão, aumentando sua crise. Havia sido eliminado nas quartas de final do Baiano e nas semifinais da Copa do Nordeste. Pressionado, Carlos Falcão tinha renunciado à presidência. Sobravam reclamações de torcedores e faixas por voto direto no clube.
Dirigido interinamente pelo volante Arlindo Maracanã, o time maranhense só fez atiçar a revolta da torcida. “Ela virou as costas na arquibancada e depois ainda foi protestar na saída do portão interno do estádio. Fiquei assustado com aquilo tudo”, lembra o meia David, de 19 anos, que estava no banco de reservas.
Os gols foram do atacante Robert – atualmente no próprio Leão – e Válber, agora suspenso. Após o apito final, um grupo de torcedores, a maioria da organizada Os Imbatíveis, encaminhou-se para o acesso aos vestiários e foi repelido pela Polícia Militar. Foram arremessadas pedras de um lado e bomba do outro. Uma criança de 9 anos se feriu.
O treinador Claudinei Oliveira, que havia substituído Ricardo Drubscky, não conseguia acertar o time. Daquela escalação, apenas o centroavante Elton e o meia Jorge Wagner devem jogar neste sábado. Os demais titulares eram Fernando Miguel, Luiz Gustavo, Ednei, Maracás, Mansur, Amaral, Dakson, Escudero e Vander.
Mudanças
O Vitória iniciou a Segundona compartilhando a lanterna com Bragantino e Santa Cruz. Agora, está na ponta oposta da classificação.
O presidente Raimundo Viana lembra as turbulências da época: “O torcedor se revoltou com razão. Fomos eliminados em três competições (a terceira, dias depois, diante do ASA na Copa do Brasil) no Barradão, e aquela derrota tirava qualquer esperança do torcedor. Os ataques a mim também eram mais que naturais. Porém, internamente, o trabalho para requalificação do elenco não mudou. Trouxemos atletas e recuperamos psicologicamente outros desacreditados. Foi o que mudou o quadro antigo para o atual”.
O zagueiro Ramon, de 20 anos, observou do banco o revés diante do Sampaio Corrêa. Para ele, a situação atual é incomparável.
“Os times não vêm para brincar com a gente como no início do ano, no Barradão, quando estavam deitando na gente. Agora as coisas mudaram, são jogadores novos e entrosados. O ambiente aqui está entre os melhores do Brasil, se não for o melhor. Você pode ver no treinamento. A gente faz tudo, dá risada, o professor (Vagner Mancini) também ajuda. Pode ter certeza que um elenco desse vai ser vitorioso, vai ganhar vários jogos e brigar pelo título”, opina, neste sábado como titular.
Vetados
Na quinta-feria, 20, o zagueiro Guilherme Mattis deu entrevista coletiva, animado com a fase atual do Vitória e desmentindo sua suposta transferência ao Grêmio. Porém, enquanto falava, uma bolsa de gelo aparentemente inofensiva estava presa à sua coxa direita. Pois o que parecia precaução virou coisa séria. O xerife sentiu fortes dores no local e acabou vetado do duelo deste sábado, diante do Sampaio Corrêa.
No lugar de seu principal defensor, Vagner Mancini vai escalar Kanu. Também vetado, o capitão Escudero não se recuperou de uma pancada no pé direito e cedará sua vaga a Jorge Wagner. Pedro Ken, outro meio-campista que estava machucado, não jogará pela segunda vez seguida. Assim, Flávio permanece no time.
O atacante Rogério, que estava emprestado pelo Náutico, acertou sua ida para o São Paulo. O Vitória confirmou que receberá dinheiro para liberá-lo antes do fim do contrato, mas não revela o valor.
O adversário
O Sampaio Corrêa, que terminou o primeiro turno no sexto lugar e está a dois pontos do G-4, não contará com o atacante Nádson e o meia Válber, suspensos.
Vice-campeão mineiro com a Caldense, o técnico Léo Condé faz mistério sobre sua equipe titular.