Coluna: Ensino da cultura afro-brasileira no espaço escolar

Lene Muniz
Colunista: Lene Muniz



Por muito tempo a cultura Afro-Brasileira ficou um tanto esquecida dos nossos conteúdos escolares, e sempre foi vista de forma secundária às contribuições dadas por esses grupos étnicos para a formação cultural do nosso país. Sabendo que os negros contribuíram muito para a formação cultural, religiosa e econômica do Brasil. Mas até hoje nos livros de história os negros são apresentado da mesma forma dos tempos da escravidão. É como se o negro estivesse ainda sendo escravo, é comum vermos figuras nos livros de negros nos canaviais. Mas os livros de história deveria acompanhar o crescimento tanto econômico quanto intelectual dos negros do nosso país.


Como forma de reparar esse grave erro histórico, a lei federal número 10.639, previu a obrigatoriedade dessa temática em todas as disciplinas. Logo em seguida no ano de 2008, uma nova lei federal de número 11.645/08 resolveu incorporar a temática indígena à mesma condição legal que a africana e afrodescendente. A partir deste momento os professores de História veem-se em um problema de como e de onde encontrar materiais para subsidiar suas as aulas. Poderiam ser diferente se o material de didáticos distribuindo na rede pública de ensino tivesse acompanhado as conquistas dos negros em nossa sociedade.


Apesar desse fato incontestável de que somos em virtude de nossa formação histórica e social uma nação multirracial e pluriétnica, de notável diversidade cultural, a escola ainda não aprendeu a conviver com essa realidade e, por conseguinte, sabe trabalhar com as crianças e jovens dos estratos sociais mais simples, constituídos, na sua grande maioria, de negros e mestiços.


Percebe-se que o patrimônio cultural do nosso país constituído de uma enorme diversidade através da cultura, tais como: a arte, a culinária, a religião, o folclore, não estão presentes nos livros didáticos, sobretudo os de história, que são permeados por uma concepção positivista da historiografia brasileira, escamoteando assim, a participação de outros segmentos sociais no processo histórico do país.


Portanto, a Lei representa um avanço ao possibilitar a construção de um multiculturalismo crítico na escola brasileira, ao tempo em que reconhece uma luta histórica do movimento negro em nosso país, cuja bandeira de luta consistia em incluir no currículo escolar o estudo da temática “história e cultura afro-brasileira”. Por outro lado, não podemos esquecer que muito ainda precisa ser feito para que a Lei não se torne letra morta e venha contribuir, de fato, para uma educação multicultural.


A par de toda valorização, às culturas das minorias sociais, muito pouco se fala das etnias na escola brasileira. Só muito recentemente, por pressão dos movimentos sociais, é que a questão da pluralidade cultural vem encontrando certa ressonância no ambiente escolar. O currículo, pensado em toda a sua dinâmica, não se limita aos conhecimentos relacionados às vivências do educando, mas introduz sempre conhecimentos novos que de certa forma contribuem para a formação humana dos sujeitos.


Quando pensamos em reinventar e repensar o currículo, precisamos refletir sobre as novas sensibilidades para com os educandos. Isso nos obriga a rever nossas práticas pedagógicas, nossas metodologias de ensino e os conteúdos de nossa docência. Que não fica limitado

Por: Lene Muniz