]A Educação do Campo tem sido historicamente marginalizada na construção de políticas públicas. Tratada como política compensatória, suas demandas e sua especificidade raramente têm sido objeto de pesquisa no espaço da academia e na formulação de currículos nos diferentes níveis e modalidades de ensino. A educação para a população do campo é trabalhada com base no currículo essencialmente urbano e, geralmente, deslocado das necessidades e da realidade do campo.
É de suma importância destacar a educação do campo partindo do princípio de que a história da educação é por definição inclusiva e busca resgatar o desenvolvimento do ser humano, do seu grupo social, fazendo demonstrar o movimento da sociedade.
Cabe, portanto aos educadores, gestores, comunidade caracterizar as práticas socioculturais vividas na comunidade em que a escola está inserida, fazendo inserção de conteúdos devidamente selecionados que possam auxiliar os alunos no exercício e na reflexão. Este procedimento leva o educando a reconhecer as particularidades culturais do país, e especificamente a sua própria, para então, obter uma visão de superação e libertação frente ao modelo de subordinação a que o homem do campo foi submetido ao longo do processo.
A semelhança e diferença educacional entre o presente, o passado e o espaço local, regional, nacional é o desafio que está colocado para a exclusão do homem do campo. Mas, ainda hoje, várias regiões se mostram muitos não conseguem enxergar ou finge não ver a necessidade da Integração Social discutida pela LDB, planejamento educacional que visa o setor rural brasileiro.
As tecnologias, portanto, vão do mais simples instrumento criado pelo ser humano, às mais complexas máquinas que, dialeticamente, vão mantendo traços do antigo revisitado criado e recriado. As tecnologias, como as demais criações humanas, trazem consigo as contradições e as possibilidades. São dinâmicas, contém o clássico, mas além disso, estabelecem trocas e dialogam com outros conhecimentos e outras tecnologias no exercício da circularidade cultural.
Para exemplificar, um computador de última geração encontra-se características das máquinas de escrever manuais, hoje quase esquecidas. Nessa mesma linha de pensamento encontrar num aparelho de ar condicionado moderno, cada vez mais eficaz, o mesmo princípio de amenizar o calor que foi buscado pelos inventores dos antigos leques e dos primeiros ventiladores. Também é importante evidenciar que em determinadas situações, quando estar privados de fontes de energia ou de aparelhos específicos, ainda usa-se o velho leque, às vezes improvisado com pedaços de papel.
As crises de energia, as catástrofes, as tragédias, invariavelmente têm feito os grupos sociais retornarem às tecnologias clássicas para sobreviverem. Assim, fazendo um rápido percurso por fragmentos da cronologia histórica, é essencial partir da concepção de que as tecnologias são praticamente tão antigas quanto à humanidade e que avançaram mediante processos de criação e aperfeiçoamento promovidos pelas interfaces de diversas áreas do conhecimento.
Pode, assim, traçar uma linha condutora que estabelece ligações entre a arte rupestre, a pedra lascada, a roda, o fogo, as ferramentas, a madeira, o carvão de lenha, as cerâmicas, as armas, os metais forjados, a máquina a vapor, os automóveis, os aviões, os computadores, a energia nuclear, os sistemas de informações digitais. Essa linha condutora demonstra a importância de cada etapa e indica a necessidade de manter o diálogo entre o clássico e o inovador. Da mesma forma que o homem do campo ao longo da história.
O importante, quando pensar em práticas pedagógicas e em escolas do campo, é que não fique tão embevecido pelas novas tecnologias que se esqueça da importância dos processos manuais e particulares como facilitadores da ação humana em momentos de dificuldade de acesso a fontes de energia, em situações de pane ou por opção em manter traços da tradição cultural.
Também é necessário estar cientes de que as tecnologias não são neutras, histórica e dialeticamente trouxeram benefícios para a humanidade, mas também criaram ou acirraram conflitos ao ampliar a produção da agricultura patronal; o desemprego; a poluição; a destruição ambiental; as disputas nas relações humanas e sociais. Freire (1987, p.36), sempre preocupado com as aparentes neutralidades, mas também sem negar o direito cidadão de acesso às novas tecnologias.
Nesse percurso, pode-se evidenciar que não cabe aos profissionais que atuam em escolas do campo impedir o acesso dos/as alunos/as às novas tecnologias no ambiente escolar. Paralelamente, tem o objetivo de evidenciar que nem toda a tecnologia está a serviço da qualidade de vida e que, para conviver com as inovações não é necessário abandonar conhecimentos significativos e necessários para a vida e a subsistência solidária no campo.