Minutos após conhecer Natalina, 60 anos, Ramon, 17 anos, elogiou sua aparência, se ofereceu para levar seus pertences ao ponto de ônibus, pediu o número do telefone e roubou-lhe um beijo. O encontro ocorreu no dia 17 de novembro de 2013 na praia do Jardim de Alah.
No último dia 25 de outubro, a operadora de telecomunicação e o motoboy que cursa a 1ª série do ensino médio se casaram na Igreja Divino Espírito Santo, no Vale dos Lagos, em cerimônia coletiva.
Antes, enfrentarem o preconceito de parentes, amigos e até do padre da Igreja de São Francisco, na Boca do Rio, onde moram. O pároco não se contentou com o documento de emancipação de Ramon e pediu uma declaração escrita à mão pela mãe do rapaz.
A diferença de idade de 43 anos não é a única coisa que chama atenção. Diferentemente do que manda a tradição, foi ele quem recebeu o sobrenome dela. Ou melhor, ele pediu para usar o sobrenome da amada. Sendo assim, ela continuou a se chamar Natalina Miranda Barbosa e ele passou a se chamar Ramon de Jesus Santos Barbosa.
“Não queria adotar o sobrenome dele para não perder o do meu pai. Ele aceitou e pediu para usar o meu nome. Me senti honrada com o pedido. Para mim, foi um presente que ele me deu”, disse Natalina.
Em busca de aprovação
Os dois já moravam juntos há seis meses. Isto porque, no início, a mãe de Ramon não aceitava o relacionamento e ele saiu de casa. Até desejar o mal para o filho ela desejou. Depois, a mãe do jovem aceitou e hoje vive no maior chamego com a nora.
Desde que estão juntos, Ramon pediu Natalina em casamento várias vezes, mas ela não acreditava que ele estivesse falando sério. Então, o rapaz fez um pedido por escrito. Só aí ela acreditou e aceitou.
Mas, para ter o consentimento da igreja, os dois passaram por uma verdadeira maratona. Houve entrevista de duas horas do padre com cada um e eles se comprometeram em fazer catequese durante um ano para se batizar na Igreja de São Francisco. Além, é claro, da declaração de próprio punho da mãe do rapaz.
Tudo deu tão certo que parentes e amigos fizeram questão de ajudar na cerimônia. Eles ganharam de presente as alianças, o bolo, doces e salgados, além de um espaço na igreja para a festa.
Plano de adotar meninas
“Foi uma experiência única. Não tenho nem palavras para descrever. Eu nunca pensei que isso iria acontecer comigo e aconteceu com uma pessoa que eu realmente gosto. Eu posso dizer que a amo. Não consigo ficar sem ela”, declarou-se Ramon.
“Para mim, foi como se eu estivesse entrado em outra dimensão. Foi como um conto de fadas”, disse Natalina, que teve o apoio dos dois filhos.
Felizes e a cada dia mais apaixonados, Natalina e Ramon têm planos de comprar uma casa maior e adotar duas meninas negras daqui a dois anos.
(A Tarde)