Mary Anne MacLeod, mãe do Presidente Donald Trump, desembarcou nos Estados Unidos em 11 de maio de 1930, vinda da Escócia, com um visto de imigrante que lhe concedia residência permanente. A informação, obtida nos registros da Fundação Estátua da Liberdade – Ellis Island, contradiz a versão frequentemente difundida de que sua entrada no país teria ocorrido inicialmente como turista.
De acordo com documentos alfandegários analisados pela BBC News, MacLeod embarcou no porto de Glasgow em 2 de maio de 1930 e chegou nove dias depois a bordo do navio Transilvania. Seu visto de imigrante, número 26698, foi emitido três meses antes da viagem, em 17 de fevereiro de 1930. O registro oficial indicava que ela não planejava retornar à Escócia e que sua intenção era obter a cidadania americana. Ela tinha apenas US$ 50 dólares (cerca de US$ 950 hoje) no bolso.
“Ela veio com um visto de imigrante para ter residência permanente”, afirmou Barry Moreno, historiador do Museu Nacional da Imigração de Ellis Island. A escritora Gwenda Blair, autora do livro The Trumps: Three Generations of Builders and a Presidential Candidate, reforçou a constatação: “Se desde o momento em que chegou, ela se via morando permanentemente nos Estados Unidos, isso se chama imigrar. Não há dúvida disso”.
A informação ganha relevância diante do discurso adotado por Donald Trump ao longo de sua carreira política, especialmente por suas medidas para restringir a imigração legal e ilegal. Durante seu segundo mandato, ele decretou “estado de emergência” na fronteira com o México e propôs limitar o direito à cidadania automática por nascimento, protegido pela Constituição americana.
Trabalho como doméstica nos EUA
Mary Anne MacLeod tinha 18 anos quando seguiu os passos de três de suas irmãs, que já viviam nos Estados Unidos. Ao chegar a Nova York, declarou à alfândega que trabalharia como doméstica, termo que, segundo especialistas, poderia se referir a funções variadas dentro do serviço doméstico.
Sua irmã Catherine, residente no bairro de Astoria, Queens, foi registrada como a pessoa que a receberia no país. Documentos mostram que MacLeod permaneceu nos Estados Unidos até junho de 1934, estabelecendo Nova York como sua residência fixa.
Naquele ano, realizou uma viagem à Escócia e, ao retornar aos EUA em setembro de 1934 a bordo do navio Cameronia, novamente declarou sua ocupação como doméstica. Barry Moreno observa que, antes dessa viagem, ela solicitou uma autorização de reentrada, o que demonstra seu compromisso em permanecer legalmente nos Estados Unidos.
A história de Mary Anne MacLeod reflete a trajetória de milhares de imigrantes europeus que chegaram aos EUA no século 20 em busca de oportunidades, ainda que enfrentando desafios econômicos. Anos depois, ela se casaria com Fred Trump, empresário do setor imobiliário e pai do ex-presidente Donald Trump.