A Bahia possui, atualmente, 79 policiais militares afastados do serviço por transtornos mentais. A informação é da Junta Médica do Departamento de Saúde da Policia Militar da Bahia (PMBA). Ainda segundo a entidade, esses agentes foram realocados para o serviço administrativo, fora das ruas, ou estão temporariamente afastados. Entre as causas para o adoecimento psíquico dos profissionais estão desde a sobrecarga de trabalho até operações perigosas, passando pela dificuldade de adaptação à vida militar e até problemas pessoais.
Para o presidente da Associação de Praças da Polícia e Bombeiro Militar da Bahia (APPMBA), Roque Santos, o número de colegas que passam por problemas mentais é ainda maior. “Nem sempre quem está com alguma dificuldade pede ajuda e isso gera subnotificação. Nós precisamos dar uma atenção maior à saúde mental do policial”, defende.
Roque explica que os policiais militares vivem diversas situações de pressão e sobrecarga. “O PM é um ser humano também, mas pressionado, que não tem direito de errar por causa das cobranças e faz atividades cada vez mais letais, operações perigosas, situações traumáticas. São tantas coisas que acontecem. Problemas psicológicos podem afetar todas as pessoas, mas o PM trabalha fardado, armado e tem certas obrigações. Precisamos de mais atenção do governo e do comando geral”, argumenta.
Em nota, a PM informou que o Departamento de Saúde, que funciona na Vila Policial Militar do Bonfim, tem um psiquiatra titular, mais dois em estágio de formação e quatro psicólogos no centro de reabilitação profissional. Também é oferecido atendimento psicológico em todas as grandes cidades do estado. “No momento, são 50 psicólogos que fazem palestras preventivas e atendimento de demandas pessoais e ocupacionais”, diz o texto.
O serviço na Vila Policial Militar atende policiais e seus dependentes diretos (cônjuges e filhos). As sessões são presenciais e ocorrem uma vez por semana. As marcações são realizadas através do telefone 71 3116-6384.
Nove ações para preservar a saúde mental de policiais:
1 – Incluir práticas facilitadoras da saúde mental e discussões estratégicas a respeito do tema durante as palestras educativas diárias e treinamentos de rotina durante o serviço;
2 – Investir em capacitações com praças e oficiais a respeito do tema saúde mental e seus múltiplos fatores transversais, visando contribuir diretamente para o enfrentamento da situação, diminuindo o preconceito sobre o assunto na instituição;
3 – Criar redes de apoio, proteção e cuidado continuado em saúde mental, com ambientes de escuta e práticas de autocuidado entre as equipes, para potencializar a elaboração e o apoio mútuo quanto às experiências do trabalho;
4 – Facilitar o acesso a profissionais de saúde e de apoio como psicólogos, psiquiatras, fisioterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais e advogados;
5 – Buscar prá- ticas de autocuidado individuais, que podem ser identificadas a partir da construção de momentos para se auto-observar e identificar sensações e emoções em relação aos acontecimentos da vida e do traba- lho. Isso pode contribuir para o aumento da consciência e possibilita um direcionamento mais estratégico e eficaz dentro de cada realidade e sobre aquilo que lhes acontece em serviço;
6 – Atentar para a existência de dificuldades envolvendo a qualidade do sono, da atenção, da vigilância e sensação de perigo constante em momentos fora do ambiente de trabalho; percepção de estresse e esgotamento, dentre outros efeitos que possam impactar na saúde mental;
7 – Ampliar o cuidado quanto a fatores como qualidade de alimentação, saúde física, gerenciamento financeiro, contexto familiar e relações interpessoais que também interferem diretamente para a condição da saúde mental;
8 – Integrar momentos de lazer à rotina diária e práticas diversas que façam sentido e estejam relacionadas a desejos e autonomia pessoal.
9 – Buscar ajuda especializada quando não conseguir lidar com estes fatores é de fundamental importância.
Fonte: Edilson da Paz/correio*