O estado da Bahia já foi o maior produtor de cacau do Brasil, mas com a chegada da “vassoura de bruxa” uma doença causada pelo fungo moniliophthora perniciosa, esse fungo ataca terminações dos galhos, as almofadas florais e os frutos, fazendo com a produtividade caia drasticamente e os frutos produzidos percam a qualidade. A produção de cacau na Bahia caiu de 400 mil toneladas 1989, para 98 mil toneladas no ano 2000. Assim informa a Ceplac (Comissão Executiva plano da Lavoura Cacaueira).
A ceplac lançou um pacote tecnológico para apoiar os agricultores, baseado principalmente na genética, os clones resistentes a doença. Mas, imagino que isso tudo, muitos de vocês já saibam.
O que trago de novo nesta coluna hoje, é uma noticia boa, depois de décadas, muitos produtores desistiram do cacau, resolveram colocar sua atenção na Banana da Terra, na graviola, abacaxi, maracujá e etc, o que foi muito bom para diversificação da nossa agricultura.
Mas, o cacau continuou sendo uma cultura insistente, graças a um esforço de agricultores e instituições, podemos dizer que aprendemos a conviver com vassoura de bruxa, e o cacau baiano voltou a ser competitivo no Brasil, ainda disputamos com o Pará, mas, se fomos ao fundo do poço, já não estamos mais lá. Mas, como fizemos isso???
Genética: O sucesso de um clone resistente foi sendo observado em algumas propriedades e passado para outras, a técnica de clonagem aos poucos foi sendo desmitificada e hoje já podemos encontrar mais facilmente o material vegetal e mão de obra capaz de fazer a clonagem, com isso já temos inúmeras áreas produtivas e mais resistentes à doença.
Manejo: Com o tempo, os pesquisadores e agricultores foram entendendo melhor como o fungo se comporta, podendo ser observado os sintomas mais pronunciados no período chuvoso, os agricultores passaram a ser recomendados a fazer podas de condução deixando as plantas mais arejadas, dificultando a proliferação mais severa do fungo. Outro manejo, é a nutrição das plantas, um cacaueiro bem nutrido suporta melhor o ataque de doenças, não manifestando os sintomas severos, portanto o manejo da adubação aliado aos tratos culturais formou o pacote de técnicas que deu bons resultados.
Perceba que não encontramos a cura da doença, mas encontramos formas de conviver com o fungo, sem deixar que o mesmo interfira na produtividade do cacau, como interferiu décadas atras.
Com genética e manejo, a Bahia volta para o cenário da produção e comercialização do cacau mais otimista e resiliente.
ENG Agrônoma: Islândia Santos