O primeiro anticoncepcional masculino está próximo de se tornar realidade. Ainda inédito, o contraceptivo em formato injetável foi desenvolvido por cientistas indianos e só aguarda aprovação final do Controlador Geral de Drogas da Índia para ser comercializado, com previsão para daqui seis meses.
A injeção anticoncepcional promete eficácia de 13 anos e precisa ser aplicada próxima aos testículos do homem. Sua fórmula contém uma substância chamada anidrido maleico de Steryene, que inibe a produção de esperma e tem sido desenvolvida desde a década de 1970.
Por enquanto, a taxa de sucesso da injeção é de 97,3%, conforme análises feitas em mais de 300 voluntários. De acordo com reportagem do jornal Hindustan Times, outro detalhe que chama a atenção é que não houve efeitos colaterais com a aplicação da injeção contraceptiva masculina.
A ideia é que o contraceptivo masculino seja uma alternativa à vasectomia. Bastante popular, o procedimento se trata de uma cirurgia em que são cortados os canais que transportam o esperma para a uretra, impedindo a passagem de espermatozoides.
Além disso, como a nova injeção tem durabilidade específica, pode ser considerada um método reversível. Já a vasectomia é uma operação definitiva.
Hoje, já existem tecnologias que permitem reverter o procedimento da vasectomia, como a vasovasostomia. Contudo, o sucesso de fertilização, mesmo com a volta da passagem de espermatozoides, não é garantido.
Outra vantagem da injeção contraceptiva masculina é que ela também pode ser uma alternativa à laqueadura, que é o procedimento cirúrgico de interrupção das trompas da mulher. É nelas que ocorre o encontro do óvulo com espermatozoides, resultando na gravidez.
A laqueadura também é um método anticoncepcional definitivo e o número de arrependimento pós-procedimento chega a 25%. Da mesma forma que a vasectomia, também há procedimentos para reversão da cirurgia, mas são considerados de grande complexidade.
Outros anticoncepcionais masculinos
Historicamente, as mulheres costumam ser responsabilizadas pelos cuidados para evitar a gravidez, uma vez que a maioria dos métodos contraceptivos são desenvolvidas para o público feminino.
Entretanto, diferentes países têm apostado no desenvolvimento de anticoncepcionais masculinos, que têm apresentado menos efeitos colaterais quando comparados aos femininos. Confira alguns exemplos:
Pílula masculina: 11-beta-MNTC
Pesquisadores norte-americanos apresentaram em 2019 a 11-beta-MNTC, uma pílula anticoncepcional para homens. As cápsulas são compostas por progesterona, substância que bloqueia os hormônios LH e FSH – essenciais para a produção do esperma.
Na primeira fase de teste em 40 humanos, a pílula mostrou eficácia e nenhum efeito colateral agravante. Alguns apenas relataram cansaço, dor de cabeça e acne – sintomas semelhantes a reações leves da versão feminina do anticoncepcional.
Porém, a pílula masculina ainda não tem previsão de chegar às farmácias. Isso porque novas análises são necessárias para identificar se o método pode resultar em infertilidade e disfunção sexual.
Pílula anticoncepcional: DMAU
A DMAU (dimethandrolone undecanoate) é uma pílula contraceptiva para homens divulgada em 2017. Assim como a anterior, ela é composta por hormônios que inibem a produção de espermatozoides.
Durante 28 dias, 83 homens participaram dos testes com DMAU. Apesar da eficácia quanto à queda dos hormônios responsáveis pelos espermatozoides, todos os participantes ganharam peso e diminuíram os níveis de HDL (colesterol bom, fundamental ao organismo).
Injeção em gel: Vasalgel
Uma outra opção de contraceptivo masculino ganhou notoriedade em 2018. Trata-se do Vasalgel, um gel aplicado por injeção que impede a passagem dos espermatozoides até a uretra.
De acordo com os cientistas que estão desenvolvendo o produto, a grande vantagem do método é que se o homem quiser reverter a situação, basta aplicar, junto a um urologista, outra substância que irá dissolver o gel.
Porém, até o momento, o medicamento foi somente testado em animais (coelhos e macacos). Alguns apresentaram granuloma espermático, uma espécie de “caroço” formado pelo acúmulo de espermatozoides no canal.