Ele não dá como certa a utilização da tese. Garante que vai manter a versão de que Bruno não é o mandante. O trabalho para defender Bruno se complicou desde novembro quando Macarrão confessou o assassinato de Eliza e apontou seu ex-patrão como o mentor do crime. Para o Ministério Público, a confissão de Macarrão, embora parcial (não quis entregar o assassino), só reforçou a tese sustentada desde o começo de que Bruno é o mentor do crime. Assim, a Promotoria vê a condenação como certa. Para advogados envolvidos no caso, essa delação é o principal indício contra Bruno. Até então, o que mais pesava contra Bruno era o fato de ele ter mentido publicamente, após um treino do Flamengo, de que fazia dois ou três meses que não via Eliza.
GOLEIRO BRUNO PODE CONFESSAR QUE SABIA DA MORTE DE ELIZA SAMUDIO
O goleiro Bruno Fernandes de Souza poderá confessar, pela primeira vez, que sabia da morte de Eliza Samudio. Deverá alegar, porém, que seu ex-assessor Luiz Henrique Romão, o Macarrão, planejou todo o crime sozinho. É essa a estratégia que seu principal advogado, Lúcio Adolfo da Silva, indica que deverá adotar no julgamento que terá início amanhã.
O defensor do goleiro falou dessa tese quando, a pedido da Folha, explicou como argumentaria que Bruno não tem responsabilidade na morte, mesmo, eventualmente, sabendo do crime. “Eu, você e mais um amigo entramos no seu carro e você dirige até o banco. Chega lá, eu desço, roubo o banco e mato alguém. Que crime você cometeu? Dirigir carro não é crime. Mas como você contribuiu para o crime, você responde pelo crime.” E continua: “Entretanto, tem que ver se a sua participação é de menor importância, se é diferenciada. Então, esse é um caminho. Dizer: ele é culpado? Sim. Mas a participação dele é diferenciada? Se os jurados disserem que sim, autoriza a Justiça a diminuir a pena”, disse.
Embora faça mistério sobre toda a sua tese, ele diz que não pode “negar a realidade”: a existência do testemunho do Macarrão e sua condenação a 15 anos de prisão pela morte de Eliza. Advogados ouvidos pela Folha afirmam que, embora a defesa esteja em situação “desfavorável”, não é possível dar como certa a condenação de Bruno. “A tática, com certeza, será a desconstrução do interrogatório do Macarrão. Dizer que ele mentiu para ter benefício de pena”, disse Luiz Flávio Gomes. Para o advogado Roberto Garcia Soares, “não é incomum ter imputação cruzada. Um dizer que foi o outro”. A condenação de um não implica na condenação do outro.
(Agência Brasul)