Presidente Tancredo Neves entre os municípios que mais mata mulheres no Brasil, veja os dados assustadores.

Raínara Sousa Santos de 22 anos, Foto Arquivo Pessoal

 

Uma realidade que precisa ser mudada. Raínara Sousa Santos de 22 anos. Morta de forma cruel e covarde, população cobra por justiça

O município de Presidente Tancredo Neves, localizado na macrorregião Leste, microrregião de Valença e Território de Identidade do Baixo Sul do Estado da Bahia, possuía, em 2010, 23.846 habitantes (IBGE, 2010). Em 2018, a população estimada do município era de 27.422 habitantes (IBGE, 2018), em 2019, a população estimada do município era de 27.719

Compreendendo que o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM alcançava 0,559, ficando na 5.066° posição no ranking nacional (PNUD, 2010), e que as iniciativas públicas, em seus diversos âmbitos, tem se mostrado incipientes e/ou insuficientes, principalmente no que concerne a questão da educação, percebe-se como resultado, uma conduta arraigada e maior exposição dos munícipes à situações de risco, como gravidez precoce, criminalidade, drogas, etc., o que afeta especialmente adolescentes, devido à ausência de ópticas otimistas para o futuro.

Conforme o Mapa da Violência (2015), Presidente Tancredo Neves se encontra entre os 100 municípios que mais matam mulheres no Brasil, com taxa média de 11,9, na 68ª posição no ranking brasileiro e 13ª no ranking estadual, e isto é deveras assustador, considerando a quantidade de municípios no país.
De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, houve em 2018, 13 casos registrados de violência interpessoal, sendo que 10 envolveram pessoas do sexo feminino, apenas três eram do sexo masculino.

Segundo informações adquiridas pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), o quantitativo de mulheres adultas violentadas em 2018 perfez 21 casos.

Consoante informação prestada pelo Conselho Tutelar Municipal, em 2017, 111 crianças e adolescentes tiveram seus diretos violados no que tange às violências físicas, psicológicas e sexuais. 61 casos envolviam pessoas do sexo feminino.

Por não haver, no município, uma rede de garantias na defesa dos direitos tão concisa, principalmente em virtude da ausência alguns equipamentos públicos essenciais, como é o caso do Ministério Público e Delegacia da Mulher, a situação se agrava ainda mais, por isso, conforme o Centro de Referência e Atendimento à Mulher (CRAM) de Valença, de 2010 a dezembro de 2016, em contato com o PTN NEEWS, o município de Presidente Tancredo Neves foi o segundo mais atendido pelo órgão, ficando atrás apenas do município sede.

Decerto a naturalização da violência é uma vivência cotidiana latente e romper tal ciclo é uma tarefa árdua, contudo extremamente necessária para que meninas e mulheres, não apenas tancredenses, possam se enxergar como capazes de modificar sua história de vida, muitas vezes marcada por diversos problemas, como violência doméstica, casamento precoce, abandono dos estudos, relacionamentos instáveis, estupro, depressão, autoestima baixa, dentre outros.

Colaboração da matéria:  meninas e mulheres empoderadas. Livro História D’elas

Edição PTN NEWS