Entenda as mudanças nas regras do WhatsApp e suas consequências

O WhatsApp anunciou em janeiro deste ano que mudaria as regras de privacidade e compartilhamento da empresa, mas a notícia desagradou legisladores no mundo todo. No Brasil, reguladores pediram que as novas regras fossem adiadas. Agora, usuários que não aderirem às novas regras ainda poderão usar a rede durante um período de 90 dias antes de decidirem se vão aceitar as mudanças ou não.

Mas o que são essas mudanças?

“O WhatsApp hoje tem um mecanismo de criptografia de mensagens de ponta-a-ponta, onde a mensagem não fica armazenada em um servidor”, explica o especialista em Tecnologia e Inovação Arthur Igreja. Com esse sistema, o Facebook, empresa dona do WhatsApp, não tem acesso às mensagens, que ficam armazenadas apenas no celular das pessoas que estão conversando.

Agora, em um processo de integração das redes sociais das quais o Facebook é dona, o WhatsApp passará a compartilhar as mensagens trocadas entre pessoas e empresas por meio das chamadas contas comerciais, quebrando a privacidade desses usuários.

Mas por quê?

Para entender melhor como fazer propagandas, fonte de renda do Facebook. Segundo Igreja, com essa mudança, o Facebook terá acesso aos dados dos usuários para entender melhor nossos hábitos de consumo e como nós nos relacionamos com as empresas.

O que significa permitir que o Facebook acesse esses dados?

“É o equivalente a instalar uma câmera na nossa casa e deixar alguém nos assistir”, explica Igreja. Permitindo que a empresa tenha acesso às suas informações, eles conseguem traçar melhor qual o seu perfil de consumo e o que te interessa.

Com isso, as propagandas que aparecem para o usuário sempre serão pensadas no que o agrada e no que ele poderia ter interesse. Empresas compram esses dados para garantir que seus produtos cheguem diretamente à consumidores em potencial.

Quais dados são coletados?

Segundo o especialista, milhares de informações são coletadas e a empresa sabe “quanto tempo você passa olhando uma propaganda, quais as buscas que você faz, os perfis que segue, quais foram os produtos adicionados no carrinho e que não foram comprados”.

O que acontece com esses dados?

O Facebook compila essas informações e empresas interessadas compram as informações específicas para divulgar os produtos para seu público-alvo. “A plataforma procura nas postagens e comportamentos do usuário informações para identificar os melhores consumidores”, explica Arthur Igreja.

O usuário pode recusar as mudanças?

Pode, mas o WhatsApp vai limitar os serviços e utilidades para aqueles que não aceitarem as novas políticas. “O WhatsApp não pode excluir a conta, mas podem dificultar a vidas das pessoas tirando possibilidades de interação”, avisa o especialista.

Migrando para outros aplicativos

Apesar da mudança, é improvável que usuários deixem de usar o WhatsApp por inteiro e migrem para outros aplicativos de mensagem. É normal uma pessoa ter mais de um aplicativo baixado no celular como opção, mas o WhatsApp segue liderando como predileto dos brasileiros, e está presente em quase todos os smartphones do país.

“É muito pouco provável que as pessoas mudem. Existe um aumento de download de outras redes, mas ninguém deixa de usar o WhatsApp”, reflete o especialista. Outra rede social muito usada pelos usuários é o Telegram, além das mensagens diretas no Instagram e Facebook e as redes sociais associadas à extrema-direita Signal e Parler.

Como o WhatsApp dominou o mercado?

Além do Brasil, o aplicativo é popular na Índia, e, segundo Igreja, isso se deve pela conexão de rede dos países. “O WhatsApp é extremamente enxuto e simples e pegou os usuários por causa da lentidão da internet nesses países”, diz Igreja.

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