Bebê de 6 meses morre e mãe diz que houve negligência em hospital

A mãe de um bebê de seis meses denunciou, nesta quinta-feira (25), o atendimento médico de um hospital em Feira de Santana que resultou na morte da sua filha há uma semana.

Ana Beatriz Rios, de 20 anos, contou que foi à unidade sucessivas vezes no dia 18 de novembro e chegou a implorar pelos cuidados que sabia que a criança precisava, mas foi menosprezada pelos médicos, que teriam agido de forma negligente.

Ao levar a sua filha, Maria, com sintomas de febre e dificuldade respiratória ao hospital “que diz ser referência em atendimento emergencial pediátrico”, Ana relata que foi atendida por um médico, após mais de uma hora de espera. Ele passou antibióticos e nebulização para o tratamento da sua filha e a mandou para casa, recomendando que retornasse após 48h para uma reavaliação.

Na noite do mesmo dia, porém, o quadro da filha piorou e ela retornou à unidade. Lá, reavaliaram o bebê e concluíram que Ana poderia voltar para casa. Vendo o estado da sua filha, pediu para que ela fosse entubada, mas a médica negou e desdenhou da solicitação, dizendo que era “exagero de mãe de primeira viagem”.

Novamente no hospital, Ana voltou a pedir que a filha recebesse oxigênio. Ela diz que, diante da situação, a médica mediu a saturação do bebê, mas percebeu inconsistências na aferição. “Eu vi 78%, questionei a porcentagem, e ela disse que não tinha pegado direito, ficou por mais tempo com o aparelho até dar 98% e mandou eu ir embora”, detalhou.

No dia seguinte, a avó da criança percebeu que ela estava sem conseguir respirar. Ana, então, pegou a filha no colo e ligou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas encontrou dificuldades para ser atendida. “Eles atenderam assim que liguei, mas como a minha filha já estava parada, não ia dar tempo de responder tantas perguntas que eles estavam fazendo, só conseguia dizer o meu endereço e que minha filha estava morrendo”, contou. Ela diz correu para a rua gritando por socorro e conseguiu uma carona até outra unidade de saúde.

Em outro lugar, o atendimento foi ótimo, mas não tinha mais chances de salvar a vida de Maria. Não dava para ser de última hora, era para terem colocado a minha filha no oxigênio, como eu pedi, mas disseram que era exagero de mãe de primeira viagem”, lamentou.

A causa da morte de Maria ainda é indefinida. Após o óbito, o seu corpo foi retirado pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT) para fazer a necropsia. O resultado deve sair em 60 dias, indicou a mãe. Por enquanto, Ana está se preparando para conseguir uma reparação judicial e ajudar outras mães. “Já estou com o meu grupo de advogados, eles estão acompanhando a causa. Estou buscando provas, testemunhas, tudo que for necessário para que isso não aconteça com outras pessoas”, declarou.

 “Trazer a minha filha de volta não faz, mas vai fazer com que outras mães não passem por essa dor, que parece que não vai acabar nunca”, explicou Ana. Ela contou que depois que publicou a denúncia, recebeu vários relatos parecidos com o seu, envolvendo inclusive o mesmo hospital. 

Em resposta às denúncias, o Grupo Bambino afirmou que as declarações feitas pela mãe da criança são “inverídicas” e esclareceu que “rigorosamente afetou todos os protocolos estabelecidos pela Sociedade Brasileira de Pediatria e que ofereceu o atendimento apropriado”. O hospital também reforçou que disponibilizou o prontuário médico para a família e médico assistente da criança.