AGROPECUÁRIA: PERSPECTIVAS PARA 2021

2021 começou, as vacinas estão a caminho e todos nos queremos saber o que podemos esperar dos diferentes setores da economia, e na Agropecuária não seria diferente. Pensando nisso nos buscamos algumas instituições do setor, para trazer para vocês leitores do PTN News, as perspectivas de algumas culturas e criações para este ano.

FRANGO: A competitividade da carne de frango deve continuar em alta em 2021. A retomada do crescimento econômico tende a ocorrer de forma gradual, e, com isso, o poder de compra dos consumidores deve continuar enfraquecido, o que, por sua vez, pode favorecer as vendas de carne de origem avícola, que é negociada a valores mais baixos que os das concorrentes.

Segundo dados do Boletim Focus publicados no dia 31 de dezembro, a economia brasileira deve crescer 3,4% em 2021. Contudo, fatores como taxa de desemprego ainda bastante elevada e o fim dos repasses emergenciais do governo federal podem limitar a massa de renda familiar, especialmente nas regiões que concentram os maiores índices de pobreza. Cenário que, portanto, pode favorecer as vendas de carne de frango.

De acordo com projeções da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em 2021, a produção nacional de carne de frango deverá crescer cerca de 5,5% frente ao previsto para 2020, atingindo 14,5 milhões de toneladas. O consumo per capita está previsto em 47 quilos, 4,4% a mais do que o estimado em 2020, de 45 quilos.

Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) indicam que, em 2021, a produção brasileira de ovos pode aumentar 5% frente ao projetado para 2020, passando para 56,2 bilhões de unidades, podendo alcançar um consumo de 265 unidades per capita durante o ano, 6% a mais do que o previsto para 2020.

SUINOS:  Apesar dos reveses provocados pela pandemia de covid-19, a suinocultura brasileira encerrou o ano de 2020 com preços, abate e embarques recordes. Para 2021, a expectativa é de que, mesmo com o custo de produção elevado, o balanço positivo se repita. A demanda externa por carne suína deve

continuar firme, sustentada pelas compras chinesas, ao passo que a procura interna deve ser favorecida pela possível retomada econômica.

Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) indicam que a produção brasileira de carne suína pode aumentar 3,5% em 2021 frente ao projetado para 2020, passando para quase 4,4 milhões de toneladas.

LEITE: Baixa oferta deve manter acirrada disputa por matéria-prima. A disponibilidade de matéria-prima deve permanecer limitada em 2021, especialmente no primeiro trimestre do ano, com volumes de leite abaixo da média registrada para o mesmo período de 2020. Esse cenário se deve ao clima desfavorável no ano passado e ao aumento contínuo nos custos de produção (os valores dos dois principais componentes da ração, o milho e o farelo de soja, atingiram patamares recordes).

Por mais um ano, os custos de produção devem ser um grande gargalo ao pecuarista leiteiro. Isso porque os preços do milho e do farelo de soja devem se manter altos em 2021, sustentados pelas aquecidas demandas interna e externa por esses grãos. Diante disso, o poder de compra de pecuaristas frente a esses insumos de alimentação pode cair e dificultar possíveis incrementos na produção.

MANDIOCA: Nos últimos anos, a área ocupada com mandioca no Brasil tem recuado, sem que a produtividade tenha aumentado. Como resultado desse cenário, a oferta tem sido menor, e, pelo menos por enquanto, é o que também se espera para 2021. Para 2021, há expectativa de retomada da economia, o que poderá elevar a procura pelos derivados da mandioca e a necessidade de processamento de raízes. Com oferta restrita, deve haver maior disputa pela matéria-prima em 2021.

Quanto ao clima, ao menos no 1º trimestre, o fenômeno La Ninã pode se apresentar mais acentuado, com bons volumes de chuvas em parte dos estados das regiões Norte e Nordeste, mas baixo índice de precipitações, principalmente na região Sul, de acordo com as informações do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC).

Fécula: Considerando-se que a oferta de amido de milho – principal concorrente da fécula de mandioca – deve continuar restrita, há a possibilidade de o derivado da mandioca ter maior participação, sobretudo nos segmentos industriais, que, inclusive, já tiveram maior interesse pelo produto em boa parte de 2020. Em 2021, a expectativa do valor do dólar é de R$ 5,00, o que pode favorecer as exportações de fécula, inclusive pelo fato de que algumas firmas já negociaram lotes com entrega pelo menos até abril.

Farinha:  A demanda por farinha de mandioca esteve firme em 2020, devido à pandemia, e esse cenário pode se manter em 2021, com a menor renda da população. Até então, o consumo vinha recuando, especialmente nas regiões Nordeste e Norte, que acabam substituindo a farinha por outros alimentos, como as farofas semiprontas.  Para 2021, o desafio da indústria de farinha é se manter com preços atrativos em um contexto de restrição de renda. A expectativa é de continuidade das transações regionais, com baixa comercialização entre as mesorregiões brasileiras.

HORTIFRUTTI : No grupo das hortaliças, a expectativa é de retomada dos investimentos em área, compensando, em boa parte, as reduções em 2020. Os destaques são os segmentos industriais de batata e tomate. Quanto à área de frutas em 2021, os investimentos mais visíveis são na área de manga e uva de mesa no Nordeste. Nas demais, a previsão é de estabilidade. A boa rentabilidade obtida com as exportações em 2020 pode incentivar os investimentos.

FONTE: CEPEIA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Colunista: Eng. Agrônoma Islandia Santos.